quinta-feira, 15 de março de 2012

Acerca dos cursos noturnos da Unifesp de São José dos campos

Pessoas, não sei em que pé estão as coisas na congregação, mas ano passado com o fim da greve a gente tinha esperanças pelo menos de ter os cursos pós-BCT noturnos em matemática e computação. Não sei se vai ter BCT noturno mesmo ou se o noturno vai acabar, alguém sabe disso? Agora, o que não dá é ficar achando que porque o governo deveria pagar bosas pra quem não pode estudar de noite, então tem que ter só curso período integral. Então 1o apareçam essas bolsas, e depois acabem com o noturno, certo? De qualquer forma, eu discordo dessa opinião de que se tivessem bolsas não deveriam existir cursos noturnos. Só porque uma pessoa já está empregada, ela não pode cursar um curso superior em uma universidade boa? Quer dizer, se o cara tem que trabalhar pra sustentar família filhos e coisa do gênero, e ainda assim dá conta do recado de tocar um curso superior (e tem caso na Unifesp SJC de aluno que é assim) esse cara não tem mais esse direito? Por que? Sabe, antes de olhar pras melhores universidades do mundo pra pensar no que podemos seguir, creio que podemos olhar pras melhores universidades do Brasil, e ver o que acontece lá. O problema de ter nobel ou não (e eu sei que o Brasil não tem nenhum mesmo, nem César Lattes ganhou nobel), é muito mais profundo que um curso se dar no período noturno ou não. É um problema relacionado a investimentos em educação nos níveis fundamental, médio e superior. Mas sabemos que no Brasil os ensinos fundamental e médio são os que mais sofrem com falta de investimento (por enquanto). E além de falta de investimento em educação existe a falta de investimento em pesquisa. Aí não tem jeito, você vive num país que não tem infra estrutura pra fazer aquilo que permita um pesquisador ganhar o nobel, e também um país que não tem educação básica decente pra poder selecionar dali os melhores que se tornariam ganhadores de nobel, e vem me dizer que o problema é o horário da aula? O problema é muito maior e mais profundo do que esse. Além do mais, todas essas universidades que estão cheias de nobel, formam caras pra trabalharem no mercado de trabalho. Dão excelente formação, mas grande parte deles vai pro mercado de trabalho (que é quem paga por toda a festa da ciência, que pode acontecer graças aos impostos cobrados sobre o que a indústria vende). Alguns ficam na carreira acadêmica, muitos que resolvem fazer mestrado e doutorado nesses lugares são oriundos de outros países. O argumento não fecha. Steve Jobs não é nobel, e nem era formado quando fundou a Apple. Seria considerado taxa de evasão. Mark Zuckerberg também não seguiu carreira acadêmica, assim como Bill Gates. Esses caras foram todos abrir negócio e atuar no mercado de trabalho, que foi onde encontraram oportunidade de se dar bem. Podem ter estudado em período integral, mas será que se fosse noturno seriam incapazes de abrir um negócio, de ter uma boa idéia? Será que nossos professores que estudaram em período noturno são piores do que os que estudatam em periodo integral só porque estudaram de noite (como bem lembrou a Raquel)? O fato é que nós adotamos um modelo diferente desses lugares, o que não significa ser pior. A Unicamp tem um dos melhores cursos de computação do país, e sei que tem ciência da computação lá no período noturno. Se o cara quer trabalhar de dia trabalha, se o cara quer estudar ou fazer IC, faz, se o cara quiser coçar o saco, coça. Mas o fato é que esse modelo abre a brecha pra que alguns raladores esforçados (salve tio Wand) dêem conta de cuidar de suas famílias, ou ajudar a pagar contas em casa como fazem alguns amigos da Unifesp também, e ainda fazer uma faculdade de qualidade, e sairem bem preparados tanto pro mercado de trabalho, quanto para um programa de pós-graduação. E não vai ser americano, europeu ou o que quer que seja, que vai me convencer do contrário.

Um comentário:

  1. É visível como as coisas ridiculamente ditas sem a menor preocupação em observar o que é preciso para que se tenha a ambição de formar alunos de tão alto nível. Como pode alguém desejar ter um aluno com prêmio Nobel sem dar o mínimo possível para que este consiga alcançar tal façanha? A comparação com Universidades Americanas, inglesas e Francesas é ridícula uma vez que o Brasil tem a sua melhor universidade (USP, segundo)em 175º lugar, segundo noticiado pelo G1. A unifesp nem sequer aparece nessa lista. Aí eu pergunto, como comparar a os alunos formados aqui com os formados em Yale EUA, Harvard EUA,Universidade de Cambridge (Reiuno Unido), entre outras, se aqui desde o ensino fundamental não existe investimento adequado para o aluno chegar ao nivel superior com capacidade de desenvolver e aplicar conhecimentos em pesquisas cientificas?
    Sabe o que é mais repugnante, ver que isso não passa de uma vontade absurda e abusiva de implantar uma opinião, uma vontade, em uma universidade do publica. Não se trata do que é melhor para quem está na direção e sim de quem estuda ali. não se trata de estudar à noite ou em período integral, se trata de ter tudo o que é preciso para estudar e isso, nós cobramos e são vocês (diretores) quem têm que nos dar. Se pouco nos dão para que possamos crescer, como podem ainda querer tirar algo que ´um direito nosso, de estudar em período noturno? Nunca vi tamanho egoísmo.

    ResponderExcluir